Barragens de decantação
Devido ao recente acidente em Minas Gerais, todos sabem dos inconvenientes das barragens de rejeitos usadas não apenas pela mineração, mas também por várias outras indústrias.
O protótipo em escala de laboratório apresentou resultados excepcionais, com toda a sujeira da água virando uma camada sólida que pode ser coletada (embaixo). [Imagem: UFL]
Mas talvez não seja preciso deixar esses rejeitos por décadas em barragens que correm o risco de se romper.
O professor Mark Orazem, da Universidade da Flórida, nos EUA, apresentou uma tecnologia que retira as impurezas sólidas da água fortemente saturada que resulta das operações mineiras e de algumas outras indústrias.
A parte sólida pode ser então reaproveitada ou usada para preencher os buracos da própria mina, enquanto a água é água mesmo, e não lama, podendo ser reaproveitada.
Usando resíduos reais de minas de fosfato, que levam de 25 a 50 anos para decantar em uma barragem de rejeitos, Orazem demonstrou ser possível realizar o processo de limpeza da água em três horas.
Partículas em suspensão
Em uma barragem de rejeitos, as partículas demoram a decantar porque são eletricamente carregadas. A repulsão das cargas semelhantes as mantém em suspensão na água, impedindo que elas se aglomerem e sejam puxadas para o fundo da represa.
Ideias para acelerar esse processo de decantação não faltam. Alessandro Volta inventou a bateria em 1800, e já em 1807 experimentos mostraram que as partículas de argila em suspensão mudam de comportamento em resposta a um campo elétrico. Mas até a década de 1990, quando o mesmo processo foi usado para separar a argila da água em bateladas, esse conceito foi considerado antieconômico.
O projeto de Orazem é diferente porque opera em fluxo contínuo, e não em bateladas.
Decantação elétrica
O equipamento de limpeza usa duas placas metálicas sobrepostas, que funcionam como eletrodos. Quando os eletrodos são energizados, cria-se um campo elétrico que faz com que as partículas suspensas na lama que escorre sobre as placas metálicas movam-se em direção ao fundo, onde formam um sólido úmido, que pode ser retirado.
Nessa zona inferior as partículas não conseguem se mover, de modo que a água é forçada para cima e sai do processo pronta para ser reutilizada.
"Em vez de ter a água presa nessas áreas de decantação de argila, a água é enviada de volta através do processo, e reutilizada, e reutilizada e reutilizada," disse Orazem.
O protótipo em escala de laboratório funcionou perfeitamente. Orazem afirma que o próximo passo é dimensionar a largura das calhas, dos eletrodos e a tensão e corrente a serem aplicadas em um volume industrial.
Fonte: Inovação Tecnológica